Não atirem suas pérolas aos porcos
Imagem: Ilustrativa.
MÔNICA BASTOS | Esta semana, em uma conversa com uma amiga, senti a delicadeza da gratidão brotar em suas palavras. Algo que compartilhamos de forma simples encontrou morada em seu coração, e isso me fez pensar sobre o valor do que damos e sobre quem está disposto a receber.
O que mais me marcou na nossa conversa foi a reciprocidade. Ela recebeu o que compartilhamos com alegria e gratidão, e isso me fez sentir a beleza de quando a entrega encontra um coração preparado.
Ao encerrar a conversa, lembrei-me de uma passagem bíblica que sempre me provoca reflexão: "Não deem o que é sagrado aos cães, nem atirem suas pérolas aos porcos; caso contrário, estes as pisarão e, aqueles, voltando-se contra vocês, os despedaçarão."(Mateus 7:6)
É evidente que o versículo não fala de cães ou porcos literalmente. Ele nos convida a refletir sobre o valor do que carregamos e sobre a sabedoria de oferecer nossas dádivas de maneira consciente.
A “pérola” representa tudo aquilo que é precioso, seja um conselho delicado, um ensinamento, apoio emocional, ou até mesmo nosso tempo e atenção. Já os “cães” e “porcos” simbolizam aqueles que, por desinteresse, despreparo ou falta de sensibilidade, não conseguem perceber ou valorizar o que lhes é oferecido.
O que a princípio parece duro revela uma sabedoria grandiosa: não se trata de julgar ou desprezar, mas de perceber que aquilo que carregamos de mais precioso, merece encontrar corações preparados.
Algumas vezes, me decepcionei com a receptividade de certas pessoas, que receberam o que ofereci sem cuidado ou responsabilidade emocional. O sentimento de frustração surgiu não apenas pela rejeição, mas pela percepção de desperdício de energia emocional.
Com o tempo, percebi que o erro não estava nelas, mas em mim. Eu precisava aprender a discernir o que oferecer, como oferecer e a quem oferecer.
Não erramos ao dar o nosso melhor, mas é preciso ter a consciência de que o nosso melhor não é para todo mundo. Nem todo coração está disposto a receber, nem toda mão sabe segurar com cuidado o que damos. Quando entregamos nossas “pérolas” às pessoas certas, evitamos frustrações e decepções, e nossa generosidade se transforma em conexão verdadeira.
Já imaginou um porco recebendo um colar de pérolas? É como entregar um tesouro a alguém que não consegue enxergar seu valor. O que é precioso para nós pode ser desperdiçado ou até desrespeitado por quem não tem sensibilidade ou maturidade emocional.
Nem todos estão disponíveis no mesmo tempo ou na mesma intensidade, e isso não diminui o valor do que oferecemos. Apenas nos ensina a direcionar nossa generosidade com discernimento e a reconhecer que cada entrega tem sua hora e seu receptor certo.
Em meio a tantas experiências, percebo que aprender a discernir a quem e quando entregar nossas “pérolas” é, na verdade, um aprendizado sobre nós mesmos. É um chamado a reconhecer nosso valor e aqueles que, com sinceridade e coração aberto, sabem honrar o que lhes é oferecido.
Um comentário
Simone Nobrega
10 de Novembro de 2025 às 16:08Excelente reflexão!! Vc arrasa amiga.