Carta Aberta: Desterro, a comunidade esquecida pela Política

Comunidade Desterro - Monielly.
Em meio às serras está a pequena comunidade de Desterro — um lugar marcado pela simplicidade de seu povo e pela complexidade de seus problemas. Ano após ano, eleição após eleição, os moradores veem promessas chegarem com o vento e partirem com a poeira da estrada de chão batido. A política, que deveria ser instrumento de transformação, tornou-se uma ausência crônica.
Desterro vive uma escassez política que vai além da falta de obras ou recursos: é a falta de atenção, de escuta, de presença verdadeira do poder público. Cada nova gestão carrega o discurso da mudança; os rostos mudam, mas a realidade continua a mesma. A comunidade segue sem calçamento (prometido), a escola com estrutura precária e a juventude sem oportunidades.
O que se vê é um ciclo vicioso de ‘esquecimento’, ou ‘faz de conta’. Os políticos se lembram apenas em época de campanha, quando os carros de som ecoam promessas e os comícios enchem as praças de discursos inflamados. Mas, passado o pleito, volta o silêncio. Um silêncio que machuca, que grita a ausência de benefícios.
Com força, fé e esperança, a comunidade crê que um dia a política deixará de ser apenas um jogo de interesses distantes e passará a ser busca por soluções para as necessidades e problemas de sua gente.
Desterro não precisa de favores. Precisa de respeito, de olhares, de investimento, de compromisso, de verdades. Precisa ser lembrada não só pelo nome ou pela força de sua história, mas pela urgência de sua realidade.
Somos uma comunidade pequena, mas não invisível, nem desmerecida. Temos voz, temos história.
Muitos de nós já se cansaram de promessas não cumpridas. Alguns já partiram, morreram sem nunca ver o que foi prometido por políticos, em cima de um tamborete improvisado de palanque. Agora, são as crianças e os jovens que cobram respeito, estrutura, atenção e oportunidade.
Desterro existe, resiste e exige reconhecimento. Nossa fé permanece viva, mas também queremos dignidade.
A comunidade vem, também por meio desta, reafirmar seu desejo de realizar os festejos de Nossa Senhora da Glória, no dia 16 de agosto. “Essa é a nossa data, sempre foi. A festa é o que temos de mais bonito. Já somos esquecidos por tudo, não renunciaremos aos nossos festejos”.
A escolha pela data não é apenas uma questão de tradição, mas também de acessibilidade para os filhos da terra que residem em outras cidades e estados. Neste ano de 2025, o dia 15 — Dia de Nossa Senhora da Glória — cairá numa sexta-feira. O dia 16, num sábado, facilita a presença de muitos que só conseguem visitar a comunidade nessa ocasião.
Por Monielly Gonçalves Bastos e comunidade.
4 Comentários
Atalu
25 de Julho de 2025 às 14:08Realmente falou tudo
Lindomar souza freitas
25 de Julho de 2025 às 12:54Parabéns. Juizo ao povo desterrense
Leidi Freitas
25 de Julho de 2025 às 10:39Parabéns, Monielly, excelentes colocações.
Bianca Bastos de Freitas
25 de Julho de 2025 às 10:23Estamos juntos