Pra ser populista nem sempre é preciso ser popular

Imagem ilustrativa.

INALDO BRITO | Populismo, sempre o velho populismo pautando a governança do país. Esse abjeto método de governar alija o desenvolvimento econômico de uma nação, ao mesmo tempo em que passa a falsa ideia de que sempre há dinheiro infinito para todos. Não importa ao qual grupo se pertença ou a qual camada se integre, medidas populistas visam privilegiar muitos a fim de beneficiar e manter no poder uns poucos.

O populista que chega ao poder possui certo narcisismo, pois no fundo só se importa em como se manter por cima de todos. Nem mesmo o limite do teto de gastos é suficiente para colocá-lo sob rédeas, mesmo porque quem aprova o orçamento do ano seguinte são os seus colegas parlamentares, cuja maioria também se faz valer do velho populismo em seus estados e comarcas (para não dizer currais) eleitorais com fins meramente de manutenção no poder.

Uma das coisas que chamam a atenção no atual Governo é a sua forma indecorosa de contradizer seus próprios discursos. Não que isso seja algo estranho de se ver em políticos, mas é notório como em alguns isso chega a ser mais evidente do que em outros. Se, por um lado, nos governos do PT havia a tentativa de convencimento das massas por meio da ignorância do discurso (o que causava frisson na maioria da população), por outro, no atual Governo há a tentativa de desacreditar fontes e discursos, mesmo que sejam oriundos dele mesmo.

É sempre a mesma história de que “não foi bem isso que foi falado”, “as pessoas entendem o que querem”, “eu nunca falei isso” etc. Enquanto o atual Governo insiste que seu método de governança no presente momento não é o velho populismo, seus aliados, bajuladores e lambe-botas precisam fazer malabarismos semânticos para tentar convencer os eleitores de que os auxílios que o Governo quer fazer passar no Congresso são substancialmente diferentes do que foi praticado nos anos vermelhos da gestão petista. Com isso, o máximo que conseguem é demonstrar seus delírios ideológicos por poder, seguindo fielmente a cartilha do seu totem político.

Não há diferença alguma entre os métodos populistas de arrebanhar multidões ou comoção das massas utilizados por ambas gestões presidenciais, antigas e atual. Aqueles que estavam no poder e se esbaldavam com as posturas populistas do seu totem político, hoje criticam o atual Governo que age da mesma forma que os governos anteriores. Enquanto isso, aqueles que tanto criticavam as atitudes populistas dos governos petistas, hoje endossam motociatas ou fazem propaganda sobre entrega de obras públicas por parte do atual Governo. A roda gigante do populismo até gira, mas nunca sai do lugar.

O problema não é determinado governante ser popular, antes é o que fez ou tem feito para se colocar (ou ser colocado) nessa condição. E, infelizmente, o populismo é o que pauta essa pretensa e artificial popularidade de muitos dos nossos representantes, principalmente daqueles que ocupam, ou desejam ocupar (pela primeira vez ou novamente), os mais altos cargos da política.